quarta-feira, 2 de março de 2011

O Drama do Frankenstein

Eu não me lembro de ter apanhado tanto em uma edição na minha vida. Comecei com essa sina maldita em 2003, ainda durante a faculdade e não parei mais.

Mas só nesse ultimo trailer, podem tomar nota: temos uma "Sony HRV-Z1", uma "Canon t2i", uma "JVC Everio", uma "JVC VICTOR" (As cameras JVC tem um arquivo padrão de filmagem só delas, precisa um truquezinhio pra que o Adobe Premiere aceite o arquivo sem que precise converter), uma "Panasonic M-8"(essa, meu amigo, nem sabe o que é "digital") e um Smart Phone que eu não descobri qual é.

E se eu for me aprofundar mais na conversa eu vou falar de CCDs e resolução, balanço de branco, limite de ISO e outras coisas que ninguém aqui está interessado em saber.

Mas quando eu sentei com o Caio - ainda em dezembro - me lembro de eu mesmo ter levantado a bola pro lance do coletivo. Queria muito que as pessoas tivessem a chance de compartilhar seus distintos pontos de vista e dar origem a um registro que fosse autêntico e verdadeiro, que não se perdesse nos filtros dos editores chefes de jornalismo televisivo. Que as pessoas de fora vissem, ouvissem e tirassem suas conclusões como se tivessem estado lá.

Levar esse conteúdo a periferia através do aparato do "Sessão Fala Viela" - Um projeto do Núcleo de Comunicação Visual que leva às comunidades distantes do centro uma história que também é delas.

Talvez a essa altura do texto, já não tenho mais um Frankenstein de cameras, mas um mosaico de testemunhas. Do cara que pagou R$120,00 por uma Panasonic M-8 (com case, bateria e tudo), de um membro da sociedade civil que não tem qualquer envolvimento com o movimento estudantil ou filiação partidária, do cartunista ativista e seu olhar visceral sobre a democracia seletiva do maior país da américa latina, da juventude politicamente engajada que ergue sua espada em nome daqueles que os apedrejam. 

Cada um deles contribuiu de uma forma inusitada pra que esse coletivo continue indo pra frente. Com a mais bela das tomadas cheia de simbolismo feita com a camera mais avançada, ou com o flagrante contundente e gritante feito com uma camera que provavelmente viu as "Diretas Já".

A resolução é realmente baixa e o widescreen não vai ser possível. Esteticamente talvez seja um grande desastre. Mas se tiver alguma alma assistindo o resultado final, vai ver algo que não vai assistir em nenhum canal de TV - Um registro sem comentários ambíguos, eufemismos ou verdade seletiva.

Ah! Me lembrei porque gosto tanto do Robert Capa "Se a fotografia não está boa o bastante é porque você não estava perto o bastante".

Vamos dar sequencia a nosso monstro.